
Recebe minha vontade para uma visita. Oferece café quente ao meu coração que, congelado pela crudeza do amor diluído, faz celeuma pelo corpo. E se tremem as mãos é porque o frio que faz lá fora me queima, tímida. Sorriso iluminado, subo a rua pesando a dúvida e a súbita volta ao redor de mim mesma. Tudo tem se transmutado: os ventos em sussurros gelados, o inverno em pequenos sonhos, os antigos beijos em novos sorrisos. Tem mudado a temperatura, a direção desses ventos que me jogam para o alto. Feito tapete, volito suave entre a saudade quieta e a novidade urgente.
Fazia tempo que não me sentia assim. Talvez nunca houvesse, de fato.
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É tempo de espelhos.
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Disritmia - Zeca Baleiro