quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Twist-entrecortes


Dancemos, meu caro, que essa fortuna gira frenética contra o tempo. Dancemos enquanto há calor para nos incendiarmos feito tochas de vontade, que as cores dessa nova estação nos apalpam à procura de mais uma marca que se cole, perene, nessa página quase em branco. Veja que a condição sine qua non desse outro capítulo exclui falsas invenções, que já tombamos todo o concreto armado que sustentava nosso mundo de algodão doce, sem saborearmos as pedras que hoje nos aproximam do óbvio – a sublimação das tempestades. Enquanto as noites se tingem de breu e ausência nos preparamos para as realidades doces que nos alimentam a alma – e com elas há os nossos breves parágrafos, na frugalidade da semana, no vapor dos pequenos fragmentos de nós.
Essa morfina toda anestesia as previsões, combustível injetado no coração, semi-explosões íntimas de agrado, inclinação e imoralidade mútua. Somos dois esfomeados que se alimentam da lascívia e da solidão, atormentando-se a si mesmos para repetir no próximo encontro a ousadia de se amar no outro, porque somos espelhos que se dão as mãos.

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"O que não se compreende não se possui"
(Goethe)
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Morphine: Yes